terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Sem sentido consentido

"Não estou seguro"-dir-te-ei
apesar do sorriso, da palavra fácil
há demais por baixo da camisa
um inteerior desfeito de avenidas
circuito veloz, sanguíneo
entre guetos e palácios
terramotos brisas suaves
maremotos planícies
divas ninfas musas
"Sabes- a minha poesia"

"Tão pouco tempo tão curta a vida"
-dir-me-ás enquanto afastas
o caracol de cabelo no aconchego
protector por detrás da orelha
gesto rápido e seguro o teu
natural, simples, água lisa
nas palmas de nenúfar
não sem antes se notar o anel
a pedra larga oval
na mistura cinza do quartzo
e das névoas num cristal

"Pedra larga pequeno o dedo"
dir-te-ia então
como quem diz algo
que nasce de águas paradas
um salto de rã no charco antigo
logo à entrada do parque
entre juncos e risos de azevinhos.

"Frase vulgar sem nexo. Qual
o sentido?Prisão?Dúvida?Talvez
lembrança frágil de mulher!"
-dir-me-ás afirmativa
como se tudo fosse determinado
objectivo, claro como gomo
à volta do caroço de Lichia
ou rubor romã de quartos apertados
face "golden" de maçã feita indiferença
ou "starking" de vestidos
que se soltam pela cabeça
nos tecidos florais de um divã
de braços estendidos
gestos de bocas surdas
palavras mudas, amores depressa
que por asssim serem talvez
não terem qualquer sentido.

"Mas há sempre sentido mesmo
quando tropeçamos"-dir-te-ia
a pedra o socalco, quando não caímos
e apesar do desafio no equilibrio
forte de uma vara, se arranha o céu
e se tenta inseguro na existência
de verdades de alquimista, fazer
caminho, procurar e concluir:

"Às vezes um minuto vale a vida
e nada mais à volta tem sentido"
-dir-te-ei quem sabe
talvez um dia.