sexta-feira, 20 de março de 2009

O poema da interrogação

Será que sou azeite e ando à tona
ou devido à gota detergente
disperso de aura poética
me afundo num mar mais profundo
nos limos da irrealidade?

Vi nascer de frente um outro braço
um ombro, um queixo, um lábio
indeciso, curioso
e pouco a pouco um outro rosto
igual ao meu do lado oposto.

Quiz conhecê-lo falar com ele.

As palavras eram mudas de aquário
e subiam envolvidas de balão
aflitas de paredes finas, leves
tão leves que as via subir as copas verdes
as asas espantadas dos pássaros
e por fim caíam em pedaços
feitas de letras, ideias aos cacos.

Sempre subiam e sempre caíam
de rotina surreal vendo o céu
pleno de palavras
e de as perder líquidas
num imenso areal.

Da mesma forma que não se distingue
a gota no mar
o rosto, a boca, o cabelo
dissolveu-se
e fiquei sem saber qual a razão?

Se e se por acaso era um outro eu?

O que diria? O que queria?

Fiquei à toa na tona do ar
e os passos parados
recusaram andar.

Gota de azeite? Gota de mar?
Floco sem vento nos braços do ar?
Que serei afinal?

Father and Son

Esta era um dos minhas canções favoritas quando era filho e tinha 17 anos dedico-a neste nosso blogue ao meu filho da mesma idade Francisco e ao mais pequeno de treze
Gonçalo faço a ponte para completar neste dia do Pai. Desculpem a invasão.