sábado, 23 de maio de 2009

Cidade cebola

Cidade em cebola

que pontos sem cruz
te foram bordados

que finas camadas
enrolam a aldeia
que buscas e segues

nas lágrimas falsas
daquele teu fado

segue, segue-a
mas pela estrada

Improvável arritemia

Ponta
atravessa-me,
leva-me àquela fenda
quero amassar o magma,

dobra-me,
polvilha-me
em milhares de intenções daninhas

embrulha-me em papel de rascunho
ou castra-me
em túneis escuros de manhã,

ao léu, pode ser
mas não ao de leve,

a deslizar é que não!

improvável antologia poética

AMOR COMO EM CASA

Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.

Manuel António Pina

Take this Waltz





En Viena hay diez muchachas,
un hombro donde solloza la muerte
y un bosque de palomas disecadas.
Hay un fragmento de la mañana
en el museo de la escarcha.
Hay un salón con mil ventanas.
¡Ay, ay, ay, ay!
Toma este vals con la boca cerrada.
Este vals, este vals, este vals, este vals,
de sí, de muerte y de coñac
que moja su cola en el mar.