segunda-feira, 22 de junho de 2009

Crepúsculo


A retina dos poemas

Na noite mais noite
os pirilampos acendiam as vestes verdes
e os mosquitos serpenteavam globos de vidro
nos passeios;
actividade de solstício
despertar natural da canícula.

Quando dia
quente tão quente a areia.

Oito horas a praia deserta...
na toalha de conchas e bolsa amarela
há quanto tempo não era assim o crepúsculo
lento descer até ao fim
uma linha ténue de aguarela
laranja decrescente paralela
na vertigem de um mar chão...azul.

O olhar na ausência de Rolleiflex
os passos breves o adeus da cor;
um mergulho ao centro dos peixes.

Depois do dia
na noite mais noite
asas longas ao encontro
de um rosto que divide o horizonte
e adianta de um lado a madrugada
do outro o nascer de estrelas
e a luz dos pirilampos
nos silêncios da noite
na retina dos poemas.