quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Mar de sentidos


Magritte " A condição humana" 1935


As águas do mar do norte gélidas de frias.
Manhã cedo de passeios nas beiras desse lugar;
passos em fio, marcas de sandálias que se alisam
no silêncio breve e branco das espumas
no ar descomposto das algas, na retenção
azul líquida de vasos, nos pés de bicicleta
em ritmos cardíacos, como ilhas
em movimentos de areia e águas, navios, navios...

Passeios de braços pousados e sombras no olhar
redondas nos sussurros do horizonte
cruzadas de palavras, audíveis, largas:

quem as diz? quem as traz fortes?

essas mãos dentro de mim, abrindo, abrindo...
o pó dos livros, as frases imperdíveis como ecos
sinais que se misturam de tantos, tantos modos
em rasgos longos, fumos, fumos, tantos fumos...
uma lava luminosa, quente, rosa-dos-ventos de rumos
que solta as lágrimas de púrpura, os sorrisos mais firmes
a essência mais límpida de um mar de sentidos.