domingo, 30 de agosto de 2009

O balão aquecido


Giorgio di Chirico "Mistério e melancolia de uma rua"


Estranho a tarde de Agosto nos passeios sós
a geometria do cimento de inúmeras placas
quase tectónicas, quase erodidas, quase ruínas
de um calor forte, contido magma.
Um Centro de Saúde em casa rasa anuncia entradas
desiguais, para um estado febril de gripe "A" deserta
e muitos outros mortais de quedas imprevistas
tonturas de Estio, sedes ocultas em fomes insaciadas
as finas cintas, ou ares alugados de muitos doces
mesmos medos, sinais contrários, doença (de)mente

a bulimia de muitos hinos sopra.
o Eu profundo influi no nariz agora liso
num olhar de pólo Norte atmosférico
respirando as furnas , as quentes pedras.
os braços ensinam os dedos no artesanato
entrelaçado de uma cesta de vimes levíssima
acima da qual desperta o fogo feito
no balão aquecido de sonhos e cinzas
que enleva mais perto os telhados de vidro
o céu entoado de segredos que tudo vê
e nada conta na distância dos silêncios.

subo...subo...subo...na estranha forma
o nosso mundo é apenas um ponto único;
a lágrima azul
o infinito
fico...fico...fico...
longe...longe...longe...

Ventilação do Poema

Pássaros que passam
e navios perdidos
que permanecem,
ou ficam em ninhos
ou soam em apitos

ventilação de vazios
pontos de fuga do poema
os pássaros e os navios