quinta-feira, 15 de outubro de 2009

As cinco frases, as mesmas palavras, o resultado dos poemas

Cinco frases, um trabalho de grupo com a obrigação de usar as seguintes palavras:
(mesa, janela, vento, selva, dedos, céu, seu, eus)

As frases:

Não escrever. É como não pensar. Ou como não sentir.

Não. Escrever é como não pensar e como não sentir...

Não. Escrever é como não. Pensar. E como: não sentir?

Não. Escrever é. E como não pensar? E como não sentir?

Não escrever. É como não pensar. Ou como não sentir.

Um dos poemas de trabalho de grupo sobre este tema já foi publicado e os outros vão surgir.

(exercício aula 14out09)

palavras em branco
sobre a mesa
à espera de nascer
por entre os dedos
de eus
de outros
que se calam
sem saber
solta-se no vento
a janela
e o seu corpo
e a alma
e tudo
como uma selva
e encontra o céu

clara e ana lúcia

no meu alpendre vermelho

no meu alpendre vermelho
as silhuetas despidas no pomar
desenham mapas, caminhos e destinos
à espera

no meu alpendre vermelho
contra a parede encrespada
o sol enxuga a roupa, o corpo e os pensamentos
de mulher

no meu alpendre, que é vermelho de sangue de boi,
respira-se pó de terra lavrada
e ouvem-se fumos, químicos e murmúrios de fábrica
ao fundo

no meu alpendre vermelho
há um corrupio de passos pequeninos
como átomos, células ou moléculas de afecto
a aprender

no meu alpendre vermelho
as aranhas parecem cientistas acrobatas
em (des)equilíbrio entre pesquisa, experiência e criação
por um fio

no meu alpendre, que é vermelho de bagos calcados,
quando é quarta ou domingo
passam tiros, cães e caçadores
sem convite

este é o primeiro Outono
no meu alpendre
em Israel

ana lúcia figueiredo

A propósito de Arte


Manet "Olympia" 1863


Ticiano "A Vénus de Urbino" 1538

Na segunda sessão foi lançado o desafio livre de a propósito destes dois quadros reinventar as palavras que a cada um possam ocorrer.

Aguardemos!