domingo, 20 de junho de 2010

O peso da ausência

Pesa-me a insensatez da morte
Essa forma de não ser
Enigma indecifrável com asas de medo

Pesam-me as asas da morte
Disfarçada de tristeza e sombra
Cordas invisíveis: os nossos medos são mortes

Pesa-me a vida nesta morte
Pesa-me o coração cheio demais
O cérebro pesa nesta caixa óssea que se faz pequena

Quero asas reais
Asas leves feitas de liberdade e sonho

Quero lugares irreais
Onde voar com as minhas asas
Abraçar os mortos que vivem em mim
Mais uma vez
Muitas vezes
Nos lugares coloridos da memória
Quero esses lugares reais

Basta-me o silêncio e o mar
Para saber que a morte não é
Nunca foi
Não será

Mas nessa ausência de passado, presente e futuro
Tira-me a vida esta abstracção concreta da morte.

Quero só o mar, por agora.