segunda-feira, 21 de junho de 2010

chocolate


Gerhard Richter aguarela 1997


o envólucro de prata magenta delicia
escondido na palma da mão.
solta-se fino um tecido de ruídos.
os dedos e os gestos acertam a boca.

a poderosa anfetamina suave e líquida
a descorrer lentamente de lá dos lábios
a descer a garganta de rio doce
a tocar o diafragma de mosto.

e um fio de contorno na côr base
assumindo um voo de asa;
um segundo de intervalo

e ao longe um barco -

um poema por vezes


Gerhard Richter

um poema por vezes não é o melhor amigo.
um recado de maré marítima. uma má sinfonia.
um grande golo de álcool a arrepiar o frio
a queimar a garganta. um espinho. um espinho.
não é o melhor amigo.