quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

quando - sem limites


Henri Cartier Bresson


pelas ruas sem mãos e sem braços
um tempo sem graça, desabençoado
um desgosto de não estender as palavras
as rugas extensas sem o calor dos raios .
os cafés são mendigos inoportunos de cadeiras vazias
de mesas abandonadas, lugares de deserto
sem oásis, sem palmeiras, sem folhagens
pelas ruas, invisibilidades de fantasma
direcções e sentidos tracejados
sem a forma contínua do desafio, navegando
as águas instáveis de um cabo de tormentas
um adamastor insistente de olhos grandes
super, ego, ego, medonho por sobre as ondas

quando? quando voltam as asas? de símbolos
signos, linhas, tintas
o desejado sofrimento, encoberto de medos
arestas, vértices, lados imersos
quando ? quando voltam as mãos os braços?

quando? quando? quando voltas? de olhos arredondados
néctar, poção mágica, mel, luz e favo
cruzando a minha insignificância, o meu desespero
a minha independência de ave absorta, planando
atravessando as nuvens espessas, as rotações indeterminadas;
céu e terra, noite e dia, segundo e hora, a rotina
o quotidiano perverso de emoções mínimas
sem planícies, searas ondulantes de cio
faces inconscientes, estios de rutilo
árias íntimas, mundos indefinidos
sem limites -

quando? quando?

José Ferreira 20 Jan 2011

TERMINAL DE DESILUSÃO

Afundo-me na tristeza,
sem as lágrimas convulsivas de outrora,
mas compulsivamente irrascível;
nada mais vale a pena,
não interessa sequer avaliar
porque se demoliu o amôr,
ou porque se esfumou a paixão(?).
...o fulgor do sol também se esvai,
e o vento ora sopra de rompante,
outras vezes porém tão meigo é,
apaziguador, e tão refrescante!
...............................
...Hoje, o dilúvio assassino
perturba a doce paz da foz
do meu rio de encantos!...

(Quando o(a) companheiro(a) de uma longa e
emotiva viagem foi a paixão, ou simplesmente
uma excelente e amiga criatura que no final
se despede para sempre...como que a morte o(a)
tenha levado).

- António Luíz, 13 a 19/01/2011