segunda-feira, 16 de maio de 2011

R I O E M D E S E S P E R O

Corre rio, corre,
corre desenfreado,
a brutal enxurrada descaracterizou-te,
embruteceu-te!
Levas vidas que afogas
diabolicamente,
porque tudo inundas
além do teu leito que te não basta!

Fustigas-nos a alma
submissa e impotente,
enquanto olhamos a TV
visualizando dramáticos confrontos
entre a morte e a vida
de seres vivos despojados,
trucidados,
mas sobretudo inocentes!

Dás crédito à revolta da natureza,
à força incomensurável
dum Planeta bom
que nos acolheu,
mas hoje tristemente abandonado à sua sorte
por culpa de humanos indígnos,
tresloucados,
não merecedores da coabitação!

Corre rio, corre,
corre desesperado,
porque em teu feroz seio
também levas os gritos e lágrimas
dum Planeta que chora
inexoravelmente a sua desdita!...

(Antonio Luíz, 20-01-2011, in " Poesia pragmática: poemas de Vidas" -
a publicar em Junho/Julho-2011).