domingo, 22 de maio de 2011

Curso de Poesia com Nuno Brito





A Livraria Poetria vai realizar um work-shop cujo programa se descreve a seguir:

“Produção e trabalho de Escrita Poética”
Maio/Junho 2011



8 horas – segundas - feiras das 18h às 20h

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Poesia

1. Movimentos e tendências poéticas

2. A poesia do quotidiano (referida a autores contemporâneos)

3. A poesia universal de Whitman

4. O subjectivismo em Emily Dickinson

5. Análise de alguns textos poéticos – A questão da métrica e dos recursos estilísticos.

6. Exercícios práticos de escrita criativa com base em jogos de despersonalização e outros elementos valorativos da imaginação.
Formador: Nuno Brito
Local: Sala Poetria, R.Sá de Noronha,155(Ao Teatro Carlos Alberto-Porto)
Inscrições: Máximo 10 pessoas. Contacto: 968707303
Preço: 45,00€
Nuno Brito nasceu no Porto em 1981. É licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde fez a pós-graduação em História Medieval e do Renascimento e o curso de formação contínua em Teoria da Literatura. Frequentou o Instituto de Estudos Medievais em Roma onde realizou estudos sobre Pedro Abelardo.
Em 2008 foi seleccionado para o Concurso Jovens Criadores na categoria de Literatura. No mesmo ano obteve o primeiro Prémio no Concurso Literário da Faculdade de Letras da UP (Poesia) obtendo no ano seguinte o primeiro Prémio na categoria de conto. Em 2009 publicou a obra de poesia “Delírio Húngaro” e foi publicado em várias revistas de literatura nacionais e estrangeiras.

A Piaf



Esta voz que sabia fazer-se canalha e rouca,
ou docemente lírica e sentimental,
ou tumultuosamente gritada para as fúrias santas do “Ça ira”,
ou apenas recitar meditativa, entoada, dos sonhos perdidos,
dos amores de uma noite que deixam uma memória gloriosa,
e dos que só deixam, anos seguidos, amargura e um vazio ao lado
nas noites desesperadas da carne saudosa que se não conforma
de não ter tido plenamente a carne que a traiu,
esta voz persiste graciosa e sinistra, depois da morte,
como exactamente a vida que os outros continuam vivendo
ante os olhos que se fazem garganta e palavras
para dizerem não do que sempre viram mas do que adivinham
nesta sombra que se estende luminosa por dentro
das multidões solitárias que teimam em resistir
como melodias valsando suburbanas
nas vielas do amor
e do mundo.


Quem tinha assim a morte na sua voz
e na vida. Quem como ela perdeu
toda a alegria e toda a esperança
é que pode cantar com esta ciência
do desespero de ser-se um ser humano
entre os humanos que o são tão pouco.

Jorge de Sena