terça-feira, 5 de julho de 2011

Um poema de Edgar Allan Poe - Soneto-Silêncio


Almada Negreiros


Há certas qualidades...tais compósitos
Com uma dupla vida, a que assiste
Uma entidade gémea que consiste
Em luz e em matéria, sombra e sólido.
Cindido é o Silêncio: mar e cais,
Corpo e Alma. Um vive solitário
Em campo raso, e faz-se temerário
Mercê de humanos ecos, rituais
E indulgências...seu nome "Nunca mais".
Tal Silêncio tem corpo: não temais!
Pois por si só não pode fazer mal;
Mas se vos lança o Fado inexorável,
De encontro à sua sombra (elfo inefável
Que assola os ermos onde outrem jamais
Pisou)...vos guarde Deus então a alma!