quarta-feira, 27 de julho de 2011

as palavras assassinas


retirado daqui

procurar as palavras e assassiná-las
para que não sejam lidas.

não, não é de um parque a elegia
é do fundo da pele; dedos e cabelos
olhos como lanternas na escuridão da bússola
e de janelas e luas e estrelas, essas minúcias tão presentes
tão vulgares e repetidas que ninguém lê atentamente;
aspirinas brancas de algumas miligramas
platinas tão brilhantes que aperto com os dentes -

assassiná-las dizia e as palavras inundam-me a boca
e soltam-se sozinhas
por vezes escuras como fendas nas paredes
gritos a estilhaçar vidros -

sossego, sossego, um dia domingo
pousar a asa do rosto no teu ombro de penas
um segundo, silêncio
calar o mundo antigo
um segundo, silêncio -

José Ferreira 27 de Julho de 2011