quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Um dia

                             Peter Rand


ouve,  digo-te com todas as letras
um dia podemos ser únicos no cimo de um monte
entre o nevoeiro, as pedras buriladas pelo vento
e a paisagem difusa do horizonte.
um dia podemos ou não podemos realizar o sonho –

conto-te de todos os poemas:  os que nascem sem nascente
os que são de água que cai de cima
os que são de pó suspenso –

ouve,  digo-te
um dia podemos ter os dedos abertos sobre todos os medos
um dia livre sem estações nem horas
sem nuvens nem rodas
sem o escape dos ponteiros do relógio
sem  a ânsia eterna dos pêndulos,  que não param –

ouve, digo-te
um dia podemos ser mais no intervalo mais comprido, ouço músicas
o intervalo subitamente cristalino
para que a pergunta surja mais afirmativa
porque não antes?
porque não sempre?

josé ferreira 1 de Novembro de 2012



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