segunda-feira, 15 de outubro de 2012

não há sal nem nuvens



                                 Tanya Gramatikova


o tempo como nascimento de segundos é um novo espaço
reinventado por todos os caminhos, milhares de milhões
sete dizem.
a terra é a morada física, as árvores e as raízes
o espírito ninguém o define –

quando nos deitamos no escuro ou na luz do dia
pode haver o fumo dos carros, o ar poluído
os prédios altos, a cidade e os ruídos
ou pode ser se for no campo
as asas dos pássaros, a leveza das borboletas, o zumbido das abelhas
pode ser o silêncio da natureza e o silêncio dos pensamentos
e um leito cheio de sentidos –

guardo-te na memória fluida dos rios
nos seus murmúrios quando encontram os saltos das rãs
e os voos suspensos das libelinhas –

sei que o tempo é de negrume, dizem nas notícias
mas não se apagam os olhos
quando voam, quando sonham
com horizontes de espelhos d’água
que se tornam mais mexidos quando se formam ondas
as ondas amigas –

os teus olhos estão suaves como magnólias e brilham
não há sal nem nuvens –

josé ferreira 15 Outubro 2012