domingo, 9 de dezembro de 2012

escrevo-te (III) - 366 pedaços de céu



                       imagem em http://expresso.sapo.pt/366-pedacos-de-ceu=f737374

escrevo-te na sensibilidade nas palavras
não encontro melhor forma de dizer
ficamos sempre aquém do que nos sobe na cabeça
em 366 pedaços de céu

ficamos sempre aquém
aquém do amor que dizemos em plumas que sobrevoam
que se imobilizam como se um cisne voasse, pousasse  e falasse
e do seu bico saíssem palavras
palavras escritas em pequenos círculos no espelho de um lago –

ficamos sempre aquém da pele que nos abraça
quando os dedos se tocam e há um homem
e há uma mulher  –

escrevo-te sabendo da fronteira e dos limites
das portas e das janelas
dos quiosques, das escolas, dos escritórios e dos cafés;
aquelas mesas cheias de olhos –

e das bibliotecas
da imensidão das prateleiras, paralelas
na longitude das folhas
na curvatura dos livros onde se deitam as histórias –

sei bem dos limites e das asas que não voam
e no entanto, vejo-te  e escrevo  
e dou-te a mão sem pressa
em 366 pedaços de céu


 josé ferreira 9 dezembro 2012