
Elisabeth Forbes, The Leaf, 1897-1898
sabes, no silêncio são memória viva as pedras flamejantes da lareira
grande
mãos invisíveis de cobertor que confortam as faces de rosas
em brasa –
faz algum tempo crescia em mim este destino, este cavalgar
de ondas
como o navio de espelhos de um outro poeta, sem ritmo e sem
regras
no único princípio de um pensamento: não devemos guardar as
palavras
mesmo que digam muito e nunca digam tudo nas fronteiras de
signo –
de novo a ordem incerta dos versos incendeia-me os sentidos
e as mãos voam
na forma que te define: as curvas do ombro, o caminho
conhecido de um sinal
a extensão longilínea, até onde o braço desliza –
sabes,existes magnífica,sempre que os olhos se fecham nestas planícies
sem limites
e, se a perfeição é um mito, subsistes única, ali tão perto
singular e significativa, naquele fragmento vivido por onde
flutuam os jacintos
aromas, gestos de sinfonia e o som dos violinos –
não imaginei as ondas altas, o sal e as algas em agitada
dança
procurando essa praia de areias movediças.
e, tudo começou na tua natureza de seres sensível
antes de ser Natal e antes de ser um primeiro dia
quando recolhíamos pinhas em chão de carumas, naquele sussurro de
sorrisos -
para ir além da promessa, das folhas estaladiças, da superfície
ao luminoso lugar onde se desvela a utopia –
josé ferreira
josé ferreira